sexta-feira, 26 de junho de 2009

O cheiro das casas

Imagem da net, gostava de saber o link, mas perdi-lhe o rasto

Estou às portas da morte deitado nesta cama verde. Aguardo por um sinal para partir para sempre deste mundo de loucos e deste país de doutores e escritores. Disseram-me que quando o anjo chegasse devia dar-lhe a mão e seguir com ele caminho para o outro lado do rio, porque é lá que o meu destino final será decidido. Asseguraram-me, no entanto, que o que me está reservado é muito melhor do que eu alguma vez tive. Eu concordei com a senhora de bata branca que me deu essa informação, mas só porque estava cansado das transfusões que me deixavam atordoado. Afinal que poderes sibilinos tinha esta senhora para fazer tal afirmação? Logo a mim, que tanto já vivi e que tanto aprendi nos livros.

Estou velho e sou quase pele e osso, uma carcaça, que mal consegue falar, que pedi que me deixassem neste pomar para poder partir sozinho e em paz. Para me invadir de silêncio e do cheiro da tua casa. Já me esqueci de tantos rostos, de tantos nomes, até de articular o pensamento, de modo a não me repetir. Já entrei em tantas casas, mas só na tua conheci esse mistério de livros com sabor a maçãs azuis. Fiquei preso nesse perfume de te saber e de conhecer tudo o que te rodeava. Achava que sabia tanto e afinal estava tão enganado como aquela senhora da bata branca.


Nota: A pedido de uma pessoa criativa e que estimula a criatividade, fica aqui a divulgação da sua 'oficina de escrita criativa'.



7 comentários:

Anónimo disse...

A maleita da senhora de bata branca, na volta, continua por despistar... Gostei muito, sobretudo por causa dos livros com sabor a maçãs azuis. Beijo!

Susn F. disse...

Trata-se de uma maleita muito contagiosa :)

Ainda bem que gostaste e mais uma vez, obrigada pela distinção.

Beijinhos

pin gente disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
pin gente disse...

conheci-te um dia...
contaste-me os teus dias,
mostraste-me a cor do teu sangue,
deste-me as tuas lágrimas a provar..
trocamos palavras por momentos, momentos por olhares, olhares por segredos...
deitaste a cabeça no meu colo, sentiste-me por dentro, abriste-me o coração... que trazia fechado!
seguraste as minhas mãos e falaste de amor, entregaste-mo em cada beijo, vivi-o em todos os teus abraços...
conheci-te um dia...
e porque um dia te conheci,
nunca mais te esqueci!

um beijo, susn
(finalmente... e aqui fiquei cativa!)
luísa

Ana Paula Sena disse...

Eu também gostei!

Uma escrita que se lê com gosto crescente... :)

Um beijinho da Ana Paula

Unknown disse...

................. e agora, que dizer????

eu vinha aqui toda contente ler o que o início me fascinou. e digo: FANTÁSTICO! Susana.

e muito OBRIGADAAAAAA... apesar do exagero.

Um beijo enorme
e um pedido: FORÇA, CONTINUE!

Anónimo disse...

Obrigado pela viagem que pode fazer enquanto lia este lindo texto