
Não tenho nenhuma ideia de quanto tempo terá passado, até começar a sentir o cheiro a maresia misturado com outro cheiro menos intenso, mas mais inquietante. Naquela altura deduzi que esse odor se devia ao nosso pacto, porque ainda sentia na boca o sabor do meu próprio sangue. Abri os olhos para dar com vários olhos verdes que me olhavam com um ar interrogativo. Teria sido só eu a ser levada por aquela força?
Estávamos na mesma sala, as velas tinham-se apagado, talvez com a corrente de ar que vinha da porta e das janelas abertas. A luz e o marulhar das ondas também nos inundavam com a sua presença à qual nos estávamos a habituar, ou pelo menos assim me parecera na altura pela postura das outras feiticeiras. Nesse momento dei por falta de duas delas: A feiticeira dos olhos cinzentos não estava na cabeceira da mesa, nem em lugar nenhum da sala e, aterrada, vi que a cadeira do meu lado esquerdo se encontrava vazia de vida e com uma enorme mancha de sangue.
Excerto do conto 'A Ilha Vermelha'
3 comentários:
Susn,
Com agrado vejo prosseguir a saga de simbolismo metafórico em que a cor e o figurativo feérico dão as mãos a outra dimensão, talvez bem perto...
Deixei uma resposta ao seu último comentário no "Canto da Fénix"
Um abraço
Gosto. Gosto muito. A fantasia é completamente o meu género e esses excertos estão a ficar viciantes. :)
Antonior: Tal como com as cores, escolhe sempre as palavras perfeitas.
Obrigada.
Abraço
Silent Raven: Também gosto muito do que escreves e quero ler mais.
beijinhos
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