sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Essência Oculta


Não tenho nenhuma ideia de quanto tempo terá passado, até começar a sentir o cheiro a maresia misturado com outro cheiro menos intenso, mas mais inquietante. Naquela altura deduzi que esse odor se devia ao nosso pacto, porque ainda sentia na boca o sabor do meu próprio sangue. Abri os olhos para dar com vários olhos verdes que me olhavam com um ar interrogativo. Teria sido só eu a ser levada por aquela força?

Estávamos na mesma sala, as velas tinham-se apagado, talvez com a corrente de ar que vinha da porta e das janelas abertas. A luz e o marulhar das ondas também nos inundavam com a sua presença à qual nos estávamos a habituar, ou pelo menos assim me parecera na altura pela postura das outras feiticeiras. Nesse momento dei por falta de duas delas: A feiticeira dos olhos cinzentos não estava na cabeceira da mesa, nem em lugar nenhum da sala e, aterrada, vi que a cadeira do meu lado esquerdo se encontrava vazia de vida e com uma enorme mancha de sangue.


Excerto do conto 'A Ilha Vermelha'


3 comentários:

antonior disse...

Susn,

Com agrado vejo prosseguir a saga de simbolismo metafórico em que a cor e o figurativo feérico dão as mãos a outra dimensão, talvez bem perto...

Deixei uma resposta ao seu último comentário no "Canto da Fénix"

Um abraço

Carla Ribeiro disse...

Gosto. Gosto muito. A fantasia é completamente o meu género e esses excertos estão a ficar viciantes. :)

Susn F. disse...

Antonior: Tal como com as cores, escolhe sempre as palavras perfeitas.
Obrigada.

Abraço

Silent Raven: Também gosto muito do que escreves e quero ler mais.

beijinhos