
Neste telhado molhado tenho nas mãos todas as telhas secas que tingiste de branco com os teus devaneios. Atingiste todas as cores que iluminavam todos os cantos dos nossos dedos quando dançavam em sintonia na noite que era dia em que a lua aparecia e se desfazia na essência da demência e que agora escorre na ausência de um guarda-chuva ou de uma só gota que venha cair neste papel como se fosse um sinal de um ponto final para sentires o sufoco que é não conseguir respirar porque todo o ar se condensou no gelo que agora não sou, mas que me aquece.
Dou-te apenas uma pausa para que fique bem presente que não és tu que me impedes de saltar, de escorregar para uma dimensão de árvores invertidas e palavras inadvertidas. Não será de ti que me lembrarei ao acordar, quando for dormir, no entanto não me esquecerei da língua que falávamos nem desse país onde habitávamos. É só por isso que não me deixo cair, que vou continuar a fluir, mesmo aqui sentada neste telhado molhado onde seguro nas mãos todas as telhas vermelhas ao som da chuva que não cai, porque o único som que sobressai é o do piano que um dia ao luar voltarei a tocar.
Dou-te apenas uma pausa para que fique bem presente que não és tu que me impedes de saltar, de escorregar para uma dimensão de árvores invertidas e palavras inadvertidas. Não será de ti que me lembrarei ao acordar, quando for dormir, no entanto não me esquecerei da língua que falávamos nem desse país onde habitávamos. É só por isso que não me deixo cair, que vou continuar a fluir, mesmo aqui sentada neste telhado molhado onde seguro nas mãos todas as telhas vermelhas ao som da chuva que não cai, porque o único som que sobressai é o do piano que um dia ao luar voltarei a tocar.
7 comentários:
gostei, claro! já agora tb aviei as malas:
http://aminhababel.blogspot.com
beijinhos:)
som do piano, num dia de chuva... "encore" dos deuses... só pode... divinal assumo... existencial por vezes... imperdivel absolutamente!
o primeiro parágrafo sem qualquer pontuação deixa-nos mesmo sem folego, é um ritmo imposto que nos leva a tudo o que transmites, se estivermos dispostos a tal... eu estive!
beijo grande
Ás vezes só nos resta esperar, muitas vezes nem sabemos pelo quê...mas sabemos que o melhor é esperar. E se for ao som deste piano...a espera será, com certeza, agradavel.
A tua escrita continua a inspirar-me...
Beijos enormes.
A paixão é sempre febril, e no Inverno dedica-se ao «arquivo morto»...
Beijinho.
E o coração chora ao compasso do piano, como se as palavras fossem uma sinfonia! Sem dúvida que as tuas palavras são inspiradoras... lindíssimas.
Palavras belas. Gosto de te reencontrar. Que esse piano toque! **
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